Lá estava ela, bem vestida, cabelos arrumados em uma trança, uma
maquiagem leve e um sorriso no rosto, mal sabiam aqueles que a cercavam que
tudo aquilo era apenas mais uma de suas tantas farsas. Ao chegar a madrugada,
logo aquela sua farsa acabaria, seu teatro chegaria ao fim e com sucesso, pois
ninguém fora capaz de perceber uma minima pista que fosse de que tudo aquilo
não era real.
Ao adentrar seus aposentos ela poderia tirar aquele sorriso fingido do
rosto, passar uma água para que a maquiagem pudesse sair, soltar seus longos
cabelos, tirar aquela roupa que a deixava deslumbrante e voltar a sua
realidade. Ela colocava um moletom azul claro enquanto suas lágrimas desciam em
sua frágil e gélida face, ali estava ela, aquela doce garota, pensando,
chorando, como se nada mais pudesse tirar aquela tristeza de si. Em meio aos
seus soluços, ela olhava aquela lâmina em cima de sua cômoda, se corroia em
desejos de pega-la e desenhar em si mesma, porém algo a prendia; ela teria feito
uma promessa de que jamais em hipótese alguma usaria aquela lâmina de novo, se
por um acaso essa promessa fosse quebrada, em contrapartida ela perderia as
poucas pessoas que com ela se importavam e isso só tornaria sua dor maior do
que já estava.
Longos dias se passaram, nada pôde tirar aquela dor dali, a cada dia que
se passava ela morria um pouco mais por dentro, ela já estava afogada em suas
próprias lágrimas, quem a via não dizia que ela não pudesse ser feliz, quem
realmente a conhecia sabia sua luta diária contra todos os teus monstros e
fantasmas que a assombravam, ela se perdia, volta e meia caía, se entregava a
toda a melancolia e então sofria, sofria calada, pois se ela dissesse algo
iriam julga-la, o que ela menos precisava naquele momento era de julgamentos e
criticas.
Ela então resolveu entregar-se a todo o sofrimento, ela já havia cansado
de sofrer, chorar e lutar para que aquilo pudesse mudar, era como se os famosos
dias melhores corressem o mais distante possivel de sua vida. De uma maneira constante
e desajeitada as pessoas saiam de sua vida, sem ao menos se preocupar com o
vazio que ali deixariam. A menina já coberta de tantos ferimentos, apenas
sobrevivia a dias monótonos, dias iguais, dias de pura angústia e sofrimento.
Ali estava ela mais uma vez morta por dentro.
Por : Giovanna de Assis Garcia